Com uma população menor que o município de Lagarto, estava sendo necessário produzir o mesmo volume de água para abastecer Tobias Barreto. Foi a partir desta constatação que a Companhia de Saneamento – Deso, em uma ação conjunta com o Ministério Público, e em parceria com a Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Científica, identificou imóveis em um loteamento, com consumo de água irregular em Tobias Barreto. Na operação que ocorreu nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira, dia 27 de abril, dez pessoas foram presas em flagrante e levadas até a delegacia local, onde será arbitrada fiança.

De acordo com Carlos Anderson Pedreira, diretor de Manutenção e Operação da Deso, ações de combate as ligações clandestinas de água como essa terão continuidade. “Foi uma ação conjunta, realizada através do apoio do Ministério Público, da Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Científica, no sentido de corrigir esses ilícitos, pois a intenção da Deso é disponibilizar mais água. Serão feitas fiscalizações não só nos desvios de água, mas também no combate de roubos de cabos de equipamentos elétricos, de bombas, de transformadores. É uma ação que envolve toda uma complexidade na questão operacional da Deso, e tem um desdobramento da parte criminal, mas o foco da empresa é dar uma melhor condição de abastecimento da localidade que está sendo afetada. Para as pessoas que sabem que estão em situação irregular, os Postos de Atendimento da Companhia estão de portas abertas para que elas peçam essa regularização cadastral, e passem a ser usuárias de fato”, ressaltou.

Segundo o delegado da Polícia Civil, em Tobias Barreto, Francisco Gerlândio, são imóveis com proprietários com poder aquisitivo considerável e que mesmo assim estavam desviando água clandestinamente. “Fomos por determinação do Ministério Público para verificar se esse pessoal estava furtando água, então, no dia de hoje, a Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Científica com os peritos e uma equipe técnica da Deso esteve em cada um desses imóves e confirmou a subtração de água de uma forma escancarada com uma ligação direta da rua para a casa e isso traz prejuízo para a sociedade. Tem morador com mais de um ano nessa situação irregular, são pessoas com piscinas e jardins em seus imóveis, usufruindo de água gratuitamente. Identificamos também um dos construtores, que terá uma responsabilidade agravada, porque confessou que vendeu 50 casas nesse local, com essas circunstâncias, alguns moradores regularizaram, mas outros não”, explicou.

MINISTÉRIO PÚBLICO

De acordo com a promotora de Justiça da Primeira Promotoria de Justiça de Tobias Barreto , Luciana Duarte Sobral, novas operações estão sendo programadas para acontecer. “A operação foi requisitada pela Primeira Promotoria de Justiça de Tobias Barreto, após provocada pela concessionária do serviço público, noticiando a existência de diversas ligações clandestinas de água no município. Diante disso, o Ministério Público instaurou procedimento para acompanhar o caso e, após reunião com todos órgãos mencionados, ajustou-se a deflagração de sucessivas operações de campo para a constatação ‘in loco’ dessas práticas fraudulentas. Nesse contexto, o MP destaca que a prática dessas ligações clandestinas caracteriza crime de furto, por vezes até furto qualificado, e a constatação da clandestinidade pela polícia no local da fraude faz cabível a prisão em flagrante dos infratores. Esta foi a primeira operação conjunta no município. Em decorrência dela, algumas prisões em flagrante foram lavradas e outros casos também foram registrados na delegacia para fins de investigação. Diante das notícias de inúmeros outros casos semelhantes, novas operações estão sendo programadas para acontecer no município nos próximos meses”, disse.

Para Marcone Souza, gerente Operacional da Regional Sul, uma fiscalização prévia foi feita e logo em seguida contactou-se o Ministério Público. “Quando a Deso percebeu que precisava do mesmo volume de água que distribui em Lagarto para atender Tobias Barreto, notou-se que tinha algo estranho. Então, foi feita fiscalização “in loco” e constatadas diversas irregularidades. Mandamos para o Ministério Público, que acatou nosso pedido e assim, o órgão juntou-se as Polícias Civil, Militar e Científica. Importante que não será uma ação isolada, virão outras ações”, disse.

A intenção da Deso com o desenvolvimento de uma fiscalização mais rigorosa é também de reduzir as perdas físicas e os prejuízos decorrentes destas perdas. Com a ligação clandestina o consumo é indiscriminado, lesa a empresa e a população, e obriga a um aumento nos custos da prestação do serviço.