Assim como no mercado de trabalho em geral, ao longo das últimas décadas, o ramo da construção civil deixou de ser um nicho exclusivamente masculino. Seja pela forma diferenciada com que exercem suas atividades, ou nos detalhes empregados no cumprimento das tarefas, construtoras, empreiteiras e empresas das mais diversas áreas da construção civil, abrem espaço na contratação de mulheres, não apenas para desempenharem funções burocráticas, mas para ocupar funções até então restritas aos homens.
Na Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade (Sedurbs), bem como nos órgãos a ela vinculados (Adema, CEHOP, DER e DESO), a presença feminina vai além de simples colaboradoras. Arquitetas, engenheiras das mais diversas áreas de atuação, orçamentistas, técnicas em edificações, entre outras, incorporam o uso dos EPI’S ao figurino diário, vão a campo e literalmente põe a mão na massa.
Batom na obra
Graduada há 16 anos, e há 11 na Sedurbs, a engenheira civil, Márcia Maria de Almeida Martins, optou pelos cálculos, escalas e outros acessórios, quando cursava o primeiro ano do ensino médio e, mesmo com a predominância masculina no ramo, diz que com o passar do tempo a mulher vem se firmando nessa profissão. “A engenharia civil é muito diversa e nos possibilita trabalhar para a segurança, conforto e qualidade de vida dos cidadãos. O rótulo de sexo frágil a nós imputadas, cai por terra, a partir do momento em que engenheiras, arquitetas, técnicas de edificações e de segurança, mesmo em minoria, desempenham funções tidas masculinas, com bastante competência e sem perder a feminilidade", frisa.
Ainda adolescente, Déborah Menezes Dias, sonhava em ser engenheira civil, mas por acreditarem que a profissão era exclusiva dos homens, os pais a convenceram a cursar arquitetura e urbanismo. Sendo a primeira sergipana a ocupar o cargo de Superintendente Executiva em um órgão público estadual ligado à engenharia, ela se mostra feliz com a conquista feminina. “Tenho orgulho por hoje ocupar um cargo tão importante na área da construção civil, não pelo cargo em si, mas por ser mulher. Sou reconhecida profissionalmente e respeitada, e isso é um grande avanço para o sexo feminino, porque também me deparo com grandes mulheres em todas as áreas ligadas à construção civil, lindas, competentes e grandes profissionais. Acredito que somos mais determinadas, sensíveis, organizadas e cheias de atitudes, isso é que faz a diferença", enfatiza.
Lugar significativo
O secretário estadual do desenvolvimento urbano, Ubirajara Barreto, diz que a conquista feminina no ramo é mais do que válida. “No mundo atual, uma tônica precisa ser respaldada, a mulher tem ocupado lugar significativo na sociedade, seja na engenharia, medicina, direito e outras áreas, e isso é muito importante. Apesar de a engenharia civil ser considerada por muitos uma profissão exclusiva do gênero masculino, ressalto que ao longo da minha carreira acadêmica na Universidade Federal de Sergipe, tive a oportunidade em ter um corpo docente composto por muitas mulheres, o que é bastante expressivo. Dentre elas, destaco as professoras Lilian Cunha Góes e à saudosa, Doutora Dava Noche Schneider, a quem sou muito grato por todo ensinamento e, em nome delas, parabenizo todas as mulheres que exercem sua função dentro da engenharia, como também, às de outros setores da administração pública”, ressalta.
Estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI), feitos em 2019, comprovam que no Brasil existem 310 mil engenheiros civis, dos quais 60 mil são mulheres. Já pelo Conselho Brasileiro de Arquitetura e Urbanismo, os dados apontam que o país possui aproximadamente 160 mil arquitetos e urbanistas, sendo 63% do sexo feminino. É provável que alguns fatores preponderantes da presença feminina nessas áreas, em especial, no setor público, seja o perfeccionismo peculiar do sexo, uma vez que elas são muito mais cuidadosas e detalhistas ao manusear determinados equipamentos, bem como são mais pacientes e precisas no que diz respeito ao acabamento de obras, revestimentos de áreas externas e finalização de detalhes. No entanto, convém ressaltar que a competência desenvolvida pelas mulheres, resultam na meritocracia por elas alcançadas.
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